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Finanças
Hábito de investir não faz parte dos costumes da maioria, o que impede acesso ao mercado
Programar para investir
ANA PAULA CARDOSO E BRUNA CROCE
DO JORNAL DO COMMERCIO - RJ 30-01-2006
O brasileiro tem a cultura do empréstimo, prefere financiar, usar o limite do cheque especial, parcelar e pagar depois. Ou seja: o consumidor brasileiro está sempre postergando a dívida, mesmo que os gastos sejam maiores no futuro e, segundo especialistas, raramente pensa em poupar. Ensinar a economizar é fácil, porém poucos têm essa cultura. Na hora de poupar é impossível fugir das famosas, porém pouco colocadas em prática, recomendações: disciplina e organização.
Reverter esse hábito requer um nível de reeducação que dificilmente é alcançado com facilidade. O primeiro passo para quem quer conquistar bens materiais é definir o objetivo para o qual se está poupando. Exemplo: a compra de um imóvel não exigirá necessariamente as mesmas aplicações para a aquisição de um automóvel ou para uma viagem. O consumidor deve aprender a definir metas. Na opinião de consultores de finanças pessoais, existem questões pragmáticas que precisam ser levadas em consideração na hora de lidar com as finanças. Uma delas é definir o nível de risco aceitável para alcançar o objetivo. A primeira coisa é definir qual é o objetivo e em quanto tempo se quer alcançá-lo. Caso contrário, vira uma espécie de "promessa de ano novo", que poucos cumprem explica o professor de finanças da FGV e da PUC de São Paulo, Fábio Gallo. Outro ponto abordado por Gallo é definir qual o horizonte de investimento ideal para a conquista almejada. "Para alguém que não tem objetivo de comprar um imóvel, por exemplo, usar o fundo de garantia para a compra de ações pode ser um bom negócio. Já para aquele cujo maior objetivo é adquirir uma casa, recomendo não mexer no FGTS", aconselha o especialista. Semelhante às pessoas que são sedentárias ou as que desejam emagrecer, aqueles que pretendem começar a poupar precisam cumprir regras. "A dieta e a academia ficam adiadas para a famosa "segunda-feira" e, na realidade, nunca começam efetivamente. Muitas vezes, somente quando algo relevante acontece, como um problema de saúde, por exemplo, as pessoas são compelidas a se reeducar de forma forçada. O mesmo acontece na vida financeira. Poucas pessoas conseguem sair de uma situação desorganizada naturalmente e iniciar uma poupança", explica o professor do FGV Management, José Eroni Fernandes. Nas finanças, assim como no caso de sedentarismo, a tendência é que a organização só aconteça quando o consumidor passar situações sérias como desemprego, queda d e renda ou doença na família. Os últimos dados da Pesquisa d! e Orçame ntos Familiares do IBGE mostram que 85% das famílias brasileiras sentem dificuldade em chegar ao final do mês com sobra no orçamento. "Apenas 15% da população tem capacidade de poupança", diz Fernandes.
Para muitos, a dificuldade está em conter o consumo supérfluo. "Muitas vezes sei que não tenho dinheiro, mas mesmo assim saio para tomar chope com os amigos e coloco no cartão de crédito", diz o estudante de direito, de 25 anos, Ricardo Braga. Uma dica dos especialistas é pesar se determinada compra é necessária e analisar quanto se ganharia ao destinar a mesma quantia para alguma aplicação. "Nunca pensei nisso", confessa o estudante.
poupança deve ser item do planejamento diário
Conhecer os diversos produtos destinados a investimentos é imprescindível para aplicar com segurança. Na opinião de Gallo, a poupança deve ser tratada como mais um item de gasto da planilha financeira. "A capacidade de conseguir um bem material vai depender sempre da capacidade de poupança de cada um. É fundamental lembrar que é muito mais vantajoso poupar antes e comprar depois, do que entrar em um financiamento. Nenhum plano a prazo compensa mais do que a provisão. Mas o brasileiro não é educado para a poupança", completa o professor.Para os jovens, que moram com os pais é ainda mais fácil economizar, já que os gastos, normalmente, são poucos. Entretanto, para uma família é preciso sempre levar em consideração os possíveis imprevistos que possam destruir uma poupança. "Uma das formas mais seguras de estabilizar a reserva financeira é organizar sua forma de poupar, ou seja, criar uma primeira barreira de proteção para a poupança principal. Isto seri a conceituar duas reservas financeiras: a primeira, entre 20% e 30% do total poupado, para a qual é admissível algum saque para cobrir aqueles imprevistos naturais, mas que quebram a consistência do orçamento. A segunda seria para o restante da poupança, colocada em uma conta que só será mexida se realmente não houver alternativa", explica o Fernandes.
O assessor financeiro Jorge Luís Silva afirma que é imprescindível ter disciplina, principalmente na hora dos imprevistos . Só assim é possível evitar que o problema se torne maior que as reservas. "Nessas horas deve-se evitar qualquer tipo de empréstimo. Toda e qualquer aplicação financeira não vai render de uma forma superior às taxas de juros. Pagar juros com recursos financeiros aplicados na realidade é diminuir a rentabilidade deste recurso. Uma boa dica é tomar "emprestado" da aplicação financeira e "negociar" uma prestação de volta. Liquidar a dívida muitas vezes com possibilidade de desconto e refazer as reservas é viável", aconselha. Em momentos de crise, a postura deve ser como a de um comandante de navio. Se aparece um iceberg, desvia-se a rota. Se acontece um maremoto, pára-se em um porto seguro. Mas o norte continua lá e é preciso seguir viagem. Assim deve pensar quem faz programação financeira. Quando o obstáculo aparece, refaz-se o plano e vol ta-se para o caminho, até conquistar o que foi planejado ilustra Gallo. Muitos especialistas recomendam que o poupador economize de três a seis meses de sua renda em reservas de liquidez. Entretanto, Fernandes, da FGV Management, diz que é contra a estabelecer um percentual recomendável para todos. Segundo ele, cada pessoa deve poupar de acordo com seus objetivos e sua renda, sempre levando em conta os riscos.
Finanças
Hábito de investir não faz parte dos costumes da maioria, o que impede acesso ao mercado
Programar para investir
ANA PAULA CARDOSO E BRUNA CROCE
DO JORNAL DO COMMERCIO - RJ 30-01-2006
O brasileiro tem a cultura do empréstimo, prefere financiar, usar o limite do cheque especial, parcelar e pagar depois. Ou seja: o consumidor brasileiro está sempre postergando a dívida, mesmo que os gastos sejam maiores no futuro e, segundo especialistas, raramente pensa em poupar. Ensinar a economizar é fácil, porém poucos têm essa cultura. Na hora de poupar é impossível fugir das famosas, porém pouco colocadas em prática, recomendações: disciplina e organização.
Reverter esse hábito requer um nível de reeducação que dificilmente é alcançado com facilidade. O primeiro passo para quem quer conquistar bens materiais é definir o objetivo para o qual se está poupando. Exemplo: a compra de um imóvel não exigirá necessariamente as mesmas aplicações para a aquisição de um automóvel ou para uma viagem. O consumidor deve aprender a definir metas. Na opinião de consultores de finanças pessoais, existem questões pragmáticas que precisam ser levadas em consideração na hora de lidar com as finanças. Uma delas é definir o nível de risco aceitável para alcançar o objetivo. A primeira coisa é definir qual é o objetivo e em quanto tempo se quer alcançá-lo. Caso contrário, vira uma espécie de "promessa de ano novo", que poucos cumprem explica o professor de finanças da FGV e da PUC de São Paulo, Fábio Gallo. Outro ponto abordado por Gallo é definir qual o horizonte de investimento ideal para a conquista almejada. "Para alguém que não tem objetivo de comprar um imóvel, por exemplo, usar o fundo de garantia para a compra de ações pode ser um bom negócio. Já para aquele cujo maior objetivo é adquirir uma casa, recomendo não mexer no FGTS", aconselha o especialista. Semelhante às pessoas que são sedentárias ou as que desejam emagrecer, aqueles que pretendem começar a poupar precisam cumprir regras. "A dieta e a academia ficam adiadas para a famosa "segunda-feira" e, na realidade, nunca começam efetivamente. Muitas vezes, somente quando algo relevante acontece, como um problema de saúde, por exemplo, as pessoas são compelidas a se reeducar de forma forçada. O mesmo acontece na vida financeira. Poucas pessoas conseguem sair de uma situação desorganizada naturalmente e iniciar uma poupança", explica o professor do FGV Management, José Eroni Fernandes. Nas finanças, assim como no caso de sedentarismo, a tendência é que a organização só aconteça quando o consumidor passar situações sérias como desemprego, queda d e renda ou doença na família. Os últimos dados da Pesquisa d! e Orçame ntos Familiares do IBGE mostram que 85% das famílias brasileiras sentem dificuldade em chegar ao final do mês com sobra no orçamento. "Apenas 15% da população tem capacidade de poupança", diz Fernandes.
Para muitos, a dificuldade está em conter o consumo supérfluo. "Muitas vezes sei que não tenho dinheiro, mas mesmo assim saio para tomar chope com os amigos e coloco no cartão de crédito", diz o estudante de direito, de 25 anos, Ricardo Braga. Uma dica dos especialistas é pesar se determinada compra é necessária e analisar quanto se ganharia ao destinar a mesma quantia para alguma aplicação. "Nunca pensei nisso", confessa o estudante.
poupança deve ser item do planejamento diário
Conhecer os diversos produtos destinados a investimentos é imprescindível para aplicar com segurança. Na opinião de Gallo, a poupança deve ser tratada como mais um item de gasto da planilha financeira. "A capacidade de conseguir um bem material vai depender sempre da capacidade de poupança de cada um. É fundamental lembrar que é muito mais vantajoso poupar antes e comprar depois, do que entrar em um financiamento. Nenhum plano a prazo compensa mais do que a provisão. Mas o brasileiro não é educado para a poupança", completa o professor.Para os jovens, que moram com os pais é ainda mais fácil economizar, já que os gastos, normalmente, são poucos. Entretanto, para uma família é preciso sempre levar em consideração os possíveis imprevistos que possam destruir uma poupança. "Uma das formas mais seguras de estabilizar a reserva financeira é organizar sua forma de poupar, ou seja, criar uma primeira barreira de proteção para a poupança principal. Isto seri a conceituar duas reservas financeiras: a primeira, entre 20% e 30% do total poupado, para a qual é admissível algum saque para cobrir aqueles imprevistos naturais, mas que quebram a consistência do orçamento. A segunda seria para o restante da poupança, colocada em uma conta que só será mexida se realmente não houver alternativa", explica o Fernandes.
O assessor financeiro Jorge Luís Silva afirma que é imprescindível ter disciplina, principalmente na hora dos imprevistos . Só assim é possível evitar que o problema se torne maior que as reservas. "Nessas horas deve-se evitar qualquer tipo de empréstimo. Toda e qualquer aplicação financeira não vai render de uma forma superior às taxas de juros. Pagar juros com recursos financeiros aplicados na realidade é diminuir a rentabilidade deste recurso. Uma boa dica é tomar "emprestado" da aplicação financeira e "negociar" uma prestação de volta. Liquidar a dívida muitas vezes com possibilidade de desconto e refazer as reservas é viável", aconselha. Em momentos de crise, a postura deve ser como a de um comandante de navio. Se aparece um iceberg, desvia-se a rota. Se acontece um maremoto, pára-se em um porto seguro. Mas o norte continua lá e é preciso seguir viagem. Assim deve pensar quem faz programação financeira. Quando o obstáculo aparece, refaz-se o plano e vol ta-se para o caminho, até conquistar o que foi planejado ilustra Gallo. Muitos especialistas recomendam que o poupador economize de três a seis meses de sua renda em reservas de liquidez. Entretanto, Fernandes, da FGV Management, diz que é contra a estabelecer um percentual recomendável para todos. Segundo ele, cada pessoa deve poupar de acordo com seus objetivos e sua renda, sempre levando em conta os riscos.
Suzane Araújo - executiva "A minha vida inteira me programei financeiramente. Desde quando ainda ganhava mesada, eu já fazia desta forma: pensava no objetivo que queria conquistar, estudava quanto eu tinha para poupar e depois calculava quanto tempo eu levaria para conseguir comprar o que queria. Foi assim com o meu primeiro carro, para o qual eu comecei a juntar dinheiro antes de completar 18 anos e com salário de estagiária. Não compro nada parcelado. Se as pessoas fizessem contas, talvez também evitassem os financiamentos. Sou organizada e faço planilha de absolutamente todos os gastos pessoais. Através destes cálc! ulos, eu já desisti de, por exemplo, comprar outro apartamento mesmo tendo dinheiro para a troca. Quando botei no lápis a diferença do valor do meu apartamento em relação ao novo imóvel fiquei surpresa. Os gastos com a mudança, com eventuais benfeitorias e novo condomínio - somados à diferença a ser desembolsada - renderiam em uma aplicação o suficiente para eu comprar outro apartamento igual ao meu. Acho que o importante é dar prioridade para o que se quer conquistar. Tenho orgulho de ter alcançado por minha conta todos os objetivos materiais que almejei. Quando se coloca despesas na ponta do lápis, a gente não deixa de fazer nada, mas passa a fazer no tempo certo e mais de acordo com nossas possibilidades. Atualmente aplico a sobra do que ganho em ativos diversificados e devo ser uma das poucas pessoas que fazem projeção de gastos com Imposto de Renda no ano fiscal anterior. Com essa projeção, passei a poupar em fundos de previdência. Já consegui abater boa parte do valor a pagar d e IR, além de garantir um pouco mais meu futuro." Hilton Lopes, oficial da marinha "Não faço planejamento. Não estabeleço metas. Apenas sou comedido nos gastos. Com isso sempre consigo guardar dinheiro e cada dois ou três meses aplico este montante. Sempre prezo pela segurança então meus investimentos são em DI ou renda fixa. Como sou solteiro e não tenho filhos tenha mais facilidade em poupar. Não tenho gastos e não preciso estabelecer limites. Já consegui comprar meu apartamento. Com 23 anos comecei e trabalhar, morava com meu pai e meu orçamento sempre sobrava. Era mais fácil guardar dinheiro. Não me planejei, mas sabia que era fundamental fazer uma reserva, já que um dia eu iria precisar. Aos 29 anos casei, na época consegui comprar um imóvel com as economias que havia guardado. Hoje não preciso me preocupar com a compra da casa própria. Mas gosto de trocar de carros a cada dois anos, para isso sei que preciso de uma reserva. Se eu perceber que fiquei dois ou três meses sem ter sobra no meu orçamento começarei a me planejar. É fu! ndamenta l gastar menos do que ganhamos, só assim é possível adquirir bens ou fazer viagens, por exemplo. Normalmente consigo reservar cerca de 10% a 15% do meu orçamento, mesmo sem planejamento. Apenas não em dou a exageros, não sou consumista. Mas também não me privo de fazer as coisas que gosto Também não preciso me preocupar com previdência privada, pois sou oficial da marinha. Se trabalhasse na iniciativa privada com certeza me programaria para fazer um plano de previdência." Organize-se
Comprar um apartamento de R$ 250 mil em 10 anos: Taxa de 1% ao mês Poupar R$ 1.086,77 por mês Taxa de 1,5% ao mês Poupar R$ 754,62 por mês
Comprar um veículo de R$ 30 mil em 2 anos: Taxa de 1% ao mês Poupar R$ 1.112,20 por mês Taxa de 1,5% ao mês Poupar R$ 1.047,72 por mês
Fazer uma viagem de R$ 15 mil em um ano: Taxa de 1% ao mês Poupar R$ 1.182,73 por mês Taxa de 1,5% ao mês Poupar R$ 1.150,20 por mês.
Comprar um apartamento de R$ 250 mil em 10 anos: Taxa de 1% ao mês Poupar R$ 1.086,77 por mês Taxa de 1,5% ao mês Poupar R$ 754,62 por mês
Comprar um veículo de R$ 30 mil em 2 anos: Taxa de 1% ao mês Poupar R$ 1.112,20 por mês Taxa de 1,5% ao mês Poupar R$ 1.047,72 por mês
Fazer uma viagem de R$ 15 mil em um ano: Taxa de 1% ao mês Poupar R$ 1.182,73 por mês Taxa de 1,5% ao mês Poupar R$ 1.150,20 por mês.
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